sábado, 24 de setembro de 2016

Memórias de Um Sargento de Milícias



Autor: Manuel Antônio de Almeida 

Editora: Nova Fronteira - Coleção Clássicos para todos 

Sinopse: AS SINOPSES DÃO MUITO SPOILER SOBRE O LIVRO!


     Para além da leitura obrigatória, tentei fazer uma leitura prazerosa e sinceramente e não foi difícil. Diferente de muitos livros que compõe o acervo de Clássicos da Literatura Brasileira, Memórias de um Sargento de Milícias, foge das “duas principais regras” para virar um clássico, leitura difícil e história densa.

     Manuel Antônio, autor do livro, tinha como única intenção narrar às histórias que eram contadas a ele, sem nenhuma outra pretensão. O livro primeiramente foi publicado como folhetim (semanalmente em um jornal da época) e isso acabou contribuindo para a boa fluência da leitura. Vale lembrar que na época em que foi lançado (século XIX), a maior parte da população brasileira era analfabeta e os poucos que sabiam ler, reunia um público e lia em voz alta o capítulo do dia (eles acompanhavam como acompanhamos as novelas e séries nos dias de hoje).  A necessidade de agradar o público tinha que ser um objetivo, caso contrário o folhetim não teria continuidade.

     Os capítulos são pequenos, existe uma intensão em despertar a curiosidade e o tom de oralidade é muito marcante, a todo o momento o leitor é chamado, pelo narrador, para fazer parte dessa história.

     O livro se passe no período que a família real estava abrigada no Brasil, ou seja, há muito tempo. Vindo de Lisboa para o Brasil e entre “piscadelas” e “beliscões”, Maria das Hortaliças e Leonardo se conhecem a bordo de um navio e quando desembarcam no Rio de Janeiro, ela já dá indícios de uma possível gravidez. 


     Apesar de intercalar a narrativa entre alguns personagens, o grande foco do livro é o filho desse casal e antes que achem estranho, não contarei o nome da criança, até porque é um suspense do próprio autor, vale apenas informar que é um menino.

     O menino nasce e logo nos primeiros anos é abandonada pela mãe e depois pelo pai e passa a viver com o padrinho, que sempre faz vista grossa com suas travessuras e o enche de mimos e carinho. Os primeiros capítulos do livro são exclusivos para as histórias da infância dele, rodeadas de confusões e travessuras.

     Os anos se passam e o personagem finalmente cresce e se torna um verdadeiro NEM-NEM (nem estuda, nem trabalha), só pensa em fazer besteira e farras. Internamente eu acredito que alguém tenha feito um boneco de vodu para o personagem, afinal de contas, como vão perceber ao longo da história, tudo acontece com esse ser humano e apesar da sorte está ao lado dele, tanto coisas boas quanto coisas ruins (essas últimas acontecem com mais frequência) acontecem com ele.

     Pense em um filme de comédia romântica ou até mesmo nessas novelas que conhecemos bem. O casal se conhece (sim, o personagem conhece o seu grande amor), se apaixonam e quando você pensa que vão ficar juntos, PÁH!, chega alguém e desmorona tudo. Eles procuram outros caminhos, conhecem outras pessoas, navegam por outros rios, mas no final percebem que os seus finais felizes são ao lado um do outro e acabam sendo capazes de qualquer coisa para ficarem juntos. Pronto, não existe mistério, não existe nada de extraordinário, mas quando você começa a ler, não consegue parar mais.

     Como eu sou do time dos românicos, as minhas partes favoritas do livro são as que o autor narrar os amores do pequeno/grande menino travesso. As primeiras sensações, os primeiros olhares, o desastre da primeira declaração e como é horrível você gostar de alguém e mais meio mundo gostar desse mesmo alguém.

"[Nome do personagem] havia pois chegado à época em que os rapazes começam a notar que o seu coração palpita mais forte e mais apressado, em certas ocasiões, quando se encontra com certa pessoa, com quem, sem saber por quê, se sonha umas poucas de noites seguidas, e cujo, nome se acode continuadamente a fazer cócegas nos lábios." (página 90)

     O livro tem humor, tem histórias muito interessantes e confrontos entre moral e amoral, mas isso não é algo para ser discutido por aqui. O que realmente nos interessa é o fato do livro ser realmente muito interessante e para quem está querendo se familiarizar com os Clássicos da Literatura Brasileira, este é o melhor começo.

     O livro fala sobre amor, traições, abandono, amizade, fofocas, religiosidade e traça um panorama muito sutil, mas importante, do Brasil desse período. Considerado um romance de costumes, a narração mostra como as pessoas viviam dessa época. 






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