De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.
De repente não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.
Fez-se do amigo próximo, distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
Ah, Vinícius... Acho que poderíamos ter sido grandes amigos. Seria maravilhoso sentar na Orla de Ipanema e tomar o chá das cinco ouvindo você recitar esse seu poema. Sou apaixonada por esses versos, sou apaixonada por sentir que tudo na vida é: "De repente, não mais que de repente."
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